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Você sabe por que a alfabetização em Montessori é diferente?

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  • 15 de jun. de 2021
  • 3 min de leitura

Atualizado: 14 de jun. de 2023

Por: Milena Tutumi

A essência da metodologia Montessori é promover estímulos na criança que a impulsionam ao aprendizado espontâneo. A criança acessa o conhecimento que chega junto com o interesse, guiada por sua curiosidade nata. E, vale saber, o processo de aprendizagem acontece da mesma forma no período de alfabetização. 

O ensino Montessori possui diferenças em relação ao modelo considerado tradicional. Esse, inclui na rotina de seus alunos a escrita e a leitura a partir dos seis anos de idade. Na escola Montessori, a introdução vai acontecendo aos poucos, já sendo iniciada por volta dos três anos e meio. 

Escrita espontânea: a preparação do terreno

O ensino nas escolas tradicionais utiliza um treino sistemático das letras e com uma ordem a seguir. Em Montessori, há o preparo das habilidades motoras, ou seja, o método considera o respeito às diferentes fases, reconhecendo que há uma sequência natural de habilidades que precedem a escrita de fato. A essa trajetória de aprendizado e evolução, a Dra. Maria Montessori chamou de escrita espontânea. Há uma preparação do terreno cognitivo para as demandas intelectuais e motoras que virão depois.

Os movimentos inconscientes que são feitos antes de escrever, como segurar o lápis ou a caneta de forma adequada, manter fixos o caderno ou a folha de papel, a ordem específica da escrita de cada idioma, são algumas das regras e procedimentos que são trabalhados aos poucos, com o apoio de materiais que envolvem todos os sentidos do aluno. 

O aprendizado avança no ritmo mais conveniente a cada criança, que vai delimitando suas próprias habilidades e metas. Os educadores seguem os interesses individuais, aplicando exercícios da vida prática e atividades sensoriais. 

A descoberta da escrita

Na abordagem Montessori, os sons das letras são ensinados em primeiro lugar. Após isso, ocorre a apresentação às letras e a associação aos sons. O passo seguinte é compor as palavras a partir dos sons conhecidos. A coordenação motora fina é treinada a partir da associação entre letras e sons para que a descoberta da escrita ocorra de forma intuitiva.

A partir do desenvolvimento gradual, a criança é apresentada às letras de lixa, passa para os exercícios no quadro negro e, por fim, é introduzida à escrita no papel. 

Letra bastão ou cursiva?

No Brasil, adotou-se as letras bastão no ensino público por serem mais reconhecidas comercialmente e por estarem separadas umas das outras, ao contrário das letras cursivas, o que pode dificultar o reconhecimento delas. Outro argumento é que a forma da letra cursiva pode variar e, em alguns casos, pode se apresentar ilegível, além de exigir mais desenvolvimento motor em relação à letra bastão.

Maria Montessori percebeu em seus estudos e observações que os primeiros rabiscos das crianças são feitos com movimentos corridos, parecidos com a letra cursiva. Diante das solicitações de movimentos retos, como os das letras bastão, as crianças erravam muito. A cientista concluiu ser mais natural às crianças aprenderem a letra cursiva no momento da aprendizagem da escrita e da leitura.

Letra cursiva nos aprendizados em família

A Psicopedagoga e Diretora Pedagógica da Escola Montessori Somos Um, Letícia Terbick Cisotto, enfatiza a importância das famílias também utilizarem a letra cursiva com as crianças em casa para evitar confusões no processo de alfabetização: “Quando apresentamos dois signos para a mesma letra, no caso a letra cursiva e a bastão, além da confusão da criança na sua utilização, isso pode acarretar em mais demora na sua alfabetização”, explica.

A Diretora comenta que quando a criança começa a “escrever”, o que aparece são riscos arredondados e curvas, um indício natural para a utilização da letra cursiva. As atividades visam essa preparação para que a explosão da escrita aconteça de forma orgânica. “É importante informar que as crianças que lêem e escrevem com a letra cursiva estão aptas a manusear também as letras bastão”, complementa Leticia.

“Será mesmo necessário começar com pauzinhos? Quem raciocina logicamente, contestará: não! A criança demonstra, pelo esforço bastante penoso que lhe custa esse exercício, que o tracinho vertical não constitui a dificuldade menor em vencer”, Maria Montessori 1

Referências:

 
 
 
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